segunda-feira, 20 de abril de 2009

speaking (as diferentes interpretações)



Já parou para pensar como algumas palavras podem ter significados equivalentemente opostos? Sabe aquelas palavras que podem significar sim e não, muito e pouco, dependendo do contexto em que são usadas? Você pode até não estar conseguindo se lembrar de nenhuma agora, mas sem perceber nós as usamos no nosso dia-a-dia. E é sobre isso que eu vou falar hoje nesse post.

Esses dias comecei a pensar sobre o significado de algumas palavras e suas definições, e cheguei à conclusão de que algumas palavras, aparentemente simples, são de fato difíceis de se definir. Quer um exemplo? Sem procurar no dicionário, pense e deixe um comentário me dizendo o que significam as palavras coisa e porção? Muito provavelmente você vai conseguir definir ou pelo menos chegar perto da palavra porção, mas deve estar pensando em um significado para a palavra coisa.

Bem, não sou eu quem irá dizê-lo, mas posso te falar que as duas palavras são razoavelmente genéricas do ponto de vista semântico. Coisa é usada praticamente para nos referirmos a qualquer ente passível ou não de um nome, ou seja, dizemos coisa para falar de algo que sabemos ou não sabemos o nome.
porção, um pouco menos abrangente, também tem o seu mérito. Se você quer uma sobremesa, você coloca apenas uma porção no seu prato, ou seja, uma quantidade pequena. Às vezes dizemos "uma porção grande". Ainda assim nos referimos a uma parte de um todo, portanto, uma coisa menor. Só que na linguagem coloquial, porção assume um outro significado exatamente oposto. Se dizemos "uma porção de gente veio à minha festa" com certeza não estamos nos referindo a uma quantidade pequena de gente e sim que muitas pessoas compareceram. Então, desse ponto de vista, querer uma porção de batatas fritas não é a mesma coisa que querer uma porção de amigos.

Um outro exemplo disso na linguagem popular é a palavra porrada. Uma porrada pode ser um golpe com as mãos fechadas, um choque (físico ou até mesmo psicológico), uma briga física ou, como consolidou-se na linguagem coloquial, uma grande quantidade de alguma coisa. Muito comummente ouve-se dizer algo do tipo "uma uma porrada de gente chegou ao mesmo tempo", para dizer que várias pessoas chegaram ao mesmo tempo. Veja esse exemplo do uso coloquial: "uma porrada de torcedores saiu na porrada após o jogo." ou "a porrada entre os carros, mesmo leve, foi motivo para porrada no estacionamento."
Uma outra palavra segue esse exemplo: sinistro, que à princípio é tudo aquilo que supostamente causa pavor, medo, em geral por ser ruim. Só que, popularmente, quando dizemos que alguém é sinistro em um determinado assunto é porque esse alguém é muito bom nisso. Dá pra entender?

Agora, a mais intrigante de todas: o foda. Essa palavra, mais do que qualquer outra, mostra que toda contradição é pouca quando ela entra em cena. Foda, originalmente coloquial, é derivada do verbo foder, que significa ter uma relação sexual. O mais interessante desse verbo é que ele deriva do termo latino fodere, que significa furar, escavar. Daí a relação do verbo em latim com o verbo e com o ato em português. Porém, foda, além de ser um substantivo, é usado também como adjetivo, que pode ser um antônimo de si mesmo. Exemplo: se dizemos que tal música é foda, queremos provavelmente dizer que é uma música muito boa. Entretanto se dizemos que a tal música é foda de se ouvir, provavelmente queremos dizer que ela é ruim, chata de se ouvir. Se dizemos que o dia anterior foi foda, dependendo da nossa entonação, queremos dizer que o dia foi bom ou ruim.

Por fim, posso terminar dizendo que as palavras são apenas instrumentos da nossa comunicação. As usamos como querermos de uma forma a nos facilitar a nossa expressão. O curioso é pensar até onde vai o limite dessa automação do uso das palavras. Até onde deve-se ou pode-se alterar ou adicionar significados a um determinado termo para nos expressarmos melhor. Seria isso uma riqueza ou uma falha do nosso idioma?
Bem, o que quer que seja, o importante é entender e nos fazermos entendidos e saber adequar a língua às diferentes situações as quais somos expostos.


Fiquem bem.
Rodolfo Roger


ps: se alguém lembrar de mais exemplos desse tipo, por favor, mande como comentário.

3 comentários:

  1. Batata = Comida.

    Batata = Baixista.

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    Banana = Fruta

    Banana = Covarde, em cima do muro, sem atitude.

    Banana = Pênis

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    Comprimido = Vida

    Comprimido = Droga

    Comprimido = Alívio

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    Mentira = Maldade

    Mentira = Defesa

    Mentira = Covardia maldosa ou defensiva.

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    Ela = Linda

    Ela = Nome de música

    Ela = Só pronome.

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  2. Gamhar uma "bolada" = ganhar um prêmio legal em dinheiro.

    Estar "bolada" = estar preocupada ou surpresa com algum fato que aconteceu.

    Parabéns pelo blog, menino! Muito lega. :-)
    Abç.

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  3. é, existem tantas que é impossivel listar aqui. nosso idioma é muito "truquento" rsrsrs...
    e essa palavra, será que existe?
    ai saudades suas garoto tagarela!!

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